"Estão brincando com Deus, não há reverência, nem temor, e com Deus não se brinca, Ele é fogo consumidor" (letra da canção "Brincando Com Deus", pastor André de Oliveira).
A comédia Todo Poderoso (título original: Bruce Almighty) foi mais um sucesso de bilheteria que chegou aos cinemas para competir com o filme Matrix Reloaded. Todo Poderoso passou a ser comentado e divulgado pela imprensa em geral. E quando a mídia quer, ela vende até esterco enlatado como se fosse barra de ouro.
O ator Jim Carrey faz o papel de Bruce Nolan, um repórter de televisão em Buffalo, Nova Iorque, que está descontente com quase tudo na vida, apesar do amor de sua namorada Grace (Jennifer Aniston). Ao término do pior dia de sua vida, Bruce fica irado, passa a xingar e reclamar de Deus, e Ele responde.
Deus aparece em forma humana (o ator Morgan Freeman) vendo na angústia de Nolan uma oportunidade para tirar férias. Ele diz para Bruce ficar no Seu lugar, por algum tempo e lhe transfere Seus poderes divinos. Deus deixa a jurisdição da área de Buffalo sob a responsabilidade do Seu substituto. Bruce fica deslumbrado com todos aqueles poderes e passa a resolver seus probleminhas pessoais.
Imitadores de Adão e Eva
Muito tempo atrás, mais precisamente nos primórdios da humanidade, no Paraíso do jardim do Éden, o sedutor das nossas almas passeava com suas falas adocicadas, para dissimular seu bafo espiritualmente cadavérico, e iludia Eva com as palavras: "É certo que não morrereis... no dia em que dele comerdes... como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (Gênesis 3.3-5). O relato do livro de Gênesis prossegue, dizendo que Eva comeu do fruto proibido e ofereceu-o também a Adão. Ambos não tornaram-se deuses, mas tentaram esconder-se da presença de Deus.
Desde então, o ser humano passou a copiar o equívoco de Adão e Eva. Essa história se repetiu, com outros personagens, durante a saga da humanidade. Até parece que os primeiros seres humanos, ao tentarem ser divinos, estavam iniciando uma linha de produção, que passa pelo hinduísmo, pelo esoterismo e chega a Hollywood com o filme Todo Poderoso.
Essa ânsia de querer ser Deus é típica de muita gente vaidosa e de quem está patologicamente possuído pela síndrome luciferiana. Isso não é de hoje, é coisa antiga, feijão requentado, fruta podre de fim de feira, a grande mentira!
A grande mentira
Não sei se esta é a maior de todas as mentiras, mas certamente é a que mais tem enganado as pessoas: "Nós somos deuses". Esse é um pensamento ambicioso, que age como um redemoinho ao longo da história e vem seduzindo milhões de pessoas por onde passa. Ele seduziu primeiro a mais formosa e inteligente criatura do Universo (Lúcifer). Essa idéia maluca foi também a causa da queda da raça humana e tem invadido cultura após cultura, conquistando cada vez mais os corações e as mentes das pessoas. É um pensamento irresistível, que parece suprir nossas necessidades e anseios.
"Ser um com Deus" é a pedra fundamental do hinduísmo, do budismo, do sufismo, do jainismo, do taoísmo, da cabala, do gnosticismo, da teosofia e da Nova Era, entre outras religiões e visões de mundo.
"A grande mentira" promete delícias temporais: "Oh! sermos divinos e fazermos tudo o que queremos, na hora que quisermos e como quisermos. Quão saboroso deve ser pecar divinamente!", sonham aqueles que já caíram nessa ilusão.
Mal sabem que esse pensamento é uma faca de dois gumes: pode levar ao êxtase espiritual como também a uma depravação moral e espiritual. Foi esse pensamento que levou Rajneesh, aquele que possuía noventa Rolls Royce e ficou conhecido como o guru sensual da década de oitenta, a ser processado e deportado dos Estados Unidos. Foi esse pensamento que levou Maharishi Mahesh Yogi, o guru dos Beatles, a ser flagrado por eles tentando levar a atriz Mia Farrow para a cama.
O surpreendente é que essa mudança de comportamento, do êxtase espiritual para a depravação moral, acontece com a mesma presteza com que os astros de Hollywood trocam de cônjuges.
É impressionante como isso ficou claro no filme Todo Poderoso. Quando o repórter Bruce Nolan assumiu o posto de "Deus", uma de suas ações foi fazer um forte vento soprar e levantar a saia de uma moça que andava na calçada. É essa inconcebível fusão, do divino com o depravado, que acaba gerando um deus safadinho!
Zombando de Deus
Quando Bruce passa a ser "Deus", inicia-se um festival de idiotices que leva a platéia às gargalhadas. O que se apresenta na tela seria realmente hilariante, se não fosse espiritualmente trágico. Bruce Nolan, como "Deus", é extremamente debilóide.
Em uma cena, Nolan está ingerindo uma sopa de tomates e resolve separá-la sem tocá-la. Um forte vento sopra dentro do pequeno restaurante, o líquido avermelhado corre para os lados do prato e surge um espaço (um caminho) livre no meio da sopa. O forte vento e a sopa dividida em duas metades assemelha-se à abertura do Mar Vermelho, por onde o povo de Deus passou com os pés em seco. "Grande! Triunfante, Bruce!" A platéia se deleita.
O escárnio prossegue: o "Deus" abilolado faz com que o seu cachorrinho se assente na privada lendo jornal e transforma seu carro amassado em uma Ferrari para seu bel-prazer. "
A profanação continua: "Deus" faz com que um membro de uma gangue malvada, literalmente "defeque um macaquinho". Mais: quase indo à loucura com os sons de várias vozes (orações), Bruce decide se livrar delas respondendo positivamente a todos os pedidos e o caos é instalado na cidade de Buffalo. "Generoso e engenhoso, Bruce!" A platéia funga de tanto rir.
Mesmo que, ao término do filme, Bruce tenha percebido o quão difícil é ser Deus, tomar conta de tudo que ocorre em uma cidade e responder a todas as orações, a gozação em cima de Deus já estava completa.
Mesmo que, ao final, se passe a mensagem verdadeira e louvável de que ser Deus não é tarefa que o ser humano deva almejar ou suportar, essa película cinematográfica peca em ridicularizar o que não deve ser objeto de brincadeira.
Mesmo que, no apagar das luzes, Bruce tenha aprendido a amar sua namorada e tenha havido a intenção de mostrar uma mensagem cristã de que o homem não está qualificado para o cargo de Deus, a maior parte do filme passa uma mensagem anticristã.
Conclusão
Ninguém passa incólume por imitar e zombar de Deus. Bruce, ou qualquer outro ser humano que postule o papel de Deus, desconhece a inviabilidade técnica, moral e ética do ser humano pleitear a posição do Todo-Poderoso.
Bruce, do ponto de vista cristão, é um louco, pois zomba do pecado (Provérbios 14.9) e desconhece, ou não considera, as conseqüências dos seus atos: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6.7). "Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (Hebreus 10.31).
Como membro desta raça humana corrupta que necessitou da salvação trazida por Jesus Cristo, concluo esta análise com grande temor e tremor diante do Único, Maravilhoso e Insubstituível Todo-Poderoso. Faço minhas as palavras paulinas em Romanos 11.33-36: "Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém".
(Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa - http://www.chamada.com.br)
O Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa é médico em Recife/PE. Ele é autor dos livros A Nova Era, Os Anos Obscuros da Mocidade de Jesus Cristo e Harry Potter – Enfeitiçando Uma Cultura.
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, agosto de 2003.
O Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa é médico em Recife/PE. Ele é autor dos livros A Nova Era, Os Anos Obscuros da Mocidade de Jesus Cristo e Harry Potter – Enfeitiçando Uma Cultura.
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, agosto de 2003.
2 comentários:
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Mas não deixe de fazer isso.
abraços
Geziel
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grata
francisca duarte
fmdb01@uol.m.br
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